10 de novembro de 2010


O ENEM É UM GRANDE AVANÇO

seg, 08/11/10
por Gastão Vieira |
categoria Educação

Escrito por: Gastão Vieira.

Sou um defensor do ENEM e lutarei pela sua manutenção e preservação como a melhor opção de substituição do “tradicional” vestibular. Tenho razões gerais, nacionais, para defender sua aplicação, sua logística operacional e o sentido democrático de sua ação.
Tenho sempre receio de defender uma idéia, uma ação, olhando apenas para o Maranhão, suas consequências e benefícios locais. No caso do ENEM, não! Tenho exemplos concretos de que o Exame Nacional de Cursos é um insubstituível instrumento de acesso ao ensino superior para os alunos de todas as classes sociais, nível de renda e de distribuição geográfica (local de moradia).
Se alguém tiver interesse em conhecer os dados da Universidade Federal do Maranhão, na relação vagas oferecidas x vagas preenchidas, verificará que o número de jovens maranhenses ingressando no ensino superior público e gratuito (UFMA e IFMA) é impressionante. Vagas não sobram em São Luis, Imperatriz, Chapadinha, São Bernardo e nos quase dezoito municípios atendidos pelos CEFET(s).
Tenho dois exemplos: no Campus da UFMA de Chapadinha, que ajudei a implantar com o então Reitor Fernando Ramos, (e agora se consolida com o Reitor Natalino Salgado), não consegui preencher as vagas oferecidas pelos seus cursos de Agronomia, Zootecnia e Biologia (sic). O número de inscritos era baixo e, consequentemente, os que conseguiam entrar também.
Com o ENEM, o aproveitamento é de 100%. O “novíssimo” Campus de São Bernardo está com quase mil alunos. Os CEFET(s) de Zé Doca e Buriticupu, com mais de mil alunos. Seria isto possível sem o ENEM? E os jovens maranhenses selecionados para instituições em outros Estados, boas intuições, com ótimos cursos? Sem o ENEM, estes jovens teriam estas oportunidades? E, finalmente, cai “por terra” o argumento de que as vagas oferecidas no Maranhão seriam quase todas preenchidas por gente de fora. Pois bem, não aconteceu.
O problema é que o ENEM está sendo “estigmatizado” pelas grandes instituições públicas federais, principalmente as localizadas em São Paulo (leiam entrevista do atual Reitor da USP, numa revista semanal), e outros Estados do leste. A estes não interessa perder o controle sobre os “egressos”, quebrar o sentimento de elite dos seus vestibulandos. Imagine um jovem maranhense saindo direto de São Luis para a USP, UNESP, UFRS, UFMG (a mais preconceituosa) e outras.
O sucesso do ENEM não pode ser considerado como consequência de um processo simples, com poucos alunos, num país de pequenas dimensões geográficas. Não! Pelo contrário, num Brasil imenso, com diferentes regiões, nível de ensino, faixas de renda, nível de escolaridade, fazer o ENEM é igual a uma eleição usando urna eletrônica. Até chegar à excelência tudo é complexo, desafiador. Não quero ser leviano, mas os problemas com o ENEM começam sempre em São Paulo e coincidem com o então desejo do Ministro Fernando Haddad de enfrentar o PT e sair candidato ao Governo de São Paulo.
Um caderno de provas roubado, erro nos cadernos de gabarito, demora na divulgação dos resultados, tudo objeto de uma reação imediata do Ministro que, inclusive, demitiu a Diretoria do INEP. Como dizia o nosso Victorino Freire: “Se encontrares um jabuti numa árvore, alguém colocou, pois jabuti não sobe”. É preciso saber e rápido o que está acontecendo com a ótima idéia do ENEM.

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